1.5.11

Abreviando

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 24 de junho de 2000


Às vezes, imagino o leitor impaciente. Não quer rodeios. Não quer filosofar. Preciso atender a essa gente. Assim, sem mais, abrevio:
PT:
Recebi Pedro Tuzino para um diálogo. Foi o primeiro contato pessoal. Fiquei feliz por seu entusiasmo. Enumerou problemas e soluções para Ubatuba com aquela paixão que todos temos. Sem dúvida, merece incentivo. Também apresentou as peças publicitárias de sua campanha a prefeito. Cartazes, folhetos, painéis, enfim, tudo de excelente qualidade e muito bem produzido. Causará impacto. É bom ver gente nova no páreo. Ainda mais quando percebe-se organização, grupo entrosado e disposição para a luta. Devo parabenizar o Partido dos Trabalhadores por disputar a eleição majoritária. Com qualquer resultado, sairá fortalecido.
AV:
Desnecessária a exoneração de Arimar Vieira, o competente Secretário de Agricultura e Abastecimento. Arimar foi cortejado por muitos. Zizinho o quis como vice. Paulo o quer como coordenador de campanha. Até eu o procurei para uma composição com Vera Coutinho. Uma dobradinha VC/AV teria tudo a ver. Fica para o futuro. O grande trunfo de Arimar é sua capacidade de articulação. Democrático, conversa com todas as forças políticas. Prudente, não firma compromisso sem ponderar bastante. Cauteloso, respeita o adversário e sabe valorizar quem batalha. Arimar também é liderança que não consegue alçar grandes voos na política. O dinheiro que dispõe é fruto de seu trabalho. Não tem recursos para bancar uma campanha própria. Assim, precisa fazer o jogo dos donos do poder. Estes, quando percebem um auxiliar brilhando, sentem-se ofuscados e, medrosos, tentam sufocá-lo. Entretanto, Arimar é talentoso. Não ficará na berlinda. Quem sabe, sabe.
BG:
Um papo com Benedito Góis mostrou que sofremos do mesmo mal: um stress de fazer dó. Corre prá cá, corre prá lá, problemas de todo tipo, amigos no sufoco, dinheiro curto. É o drama de todo gerador de empregos. E não adianta chorar. Tem que inventar saídas, tomar gemada e rezar para não ter uma gripinha. Nesta situação, atividades que permitam um mínimo de relaxamento são extremamente válidas. Eu descobri uma interessante: o videokê. Aliás, o Benedito Góis aprovou a minha performance ao interpretar um grande sucesso do Rei Roberto Carlos. Qual? "Quero que vá tudo pro inferno."
JD:
Finalmente acharam a ossada do Jardineiro Desastrado. Quem diria! Logo ali, atrás da Câmara. Isso é um excelente sinal! Todos devem comemorar. Garantimos um novo milênio totalmente livre de problemas, maldições e outras complicações do além. Ninguém imaginava, mas o Cunhambebe levava a fama sem ter culpa no cartório. O poderoso índio nunca amaldiçoou ninguém. Morreu na lona, mas sabia que não valeria a pena rogar praga sobre o homem branco. A culpa mesmo foi do Jardineiro Desastrado. Este, ruim de serviço, em vez de podar o galho, cortava a flor, quando ia desabrochar. Por tanta trapalhada, morreu pobrezinho, desempregado, não merecendo sequer um enterro decente. De lá para cá, tudo em Ubatuba que estivesse na iminência de dar certo, de brilhar como uma rosa recém aberta, sofreria a poda do espírito entristecido do Jardineiro Desastrado. Ao encontrá-lo, basta agora uma cautela especial com os seus restos mortais. Mais nada. Apesar de desastrado, ele não era mal intencionado. Só queria um pouquinho de atenção. Ou, quem sabe, um bom treinamento. Daqui para frente, portanto, vamos acreditar: é só alegria.
JAS:
Julho, agosto e setembro serão marcados pelos comícios, panfletagens, correspondências calorosas, sorrisos constantes, abraços e apertos de mão. A campanha ferverá. Fotos, manchetes, denúncias, verdades e mentiras irão rechear nossos dias até a eleição de primeiro de outubro. Depois a calmaria, a poeira assentando, o sossego voltando e adversários se entreolhando com cara de tacho. A vida, certamente, continuará. E as mudanças...bem, aí é outra história.
FIM.

Samba de uma nota só
Tom Jobim e Newton Mendonça
Elis Regina