Publicado no Blog Ubatuba Víbora
Coluna do Celsinho
30 de agosto de 2013
Eu gosto de palavras cruzadas.
Deixam a mente em forma.
Vez ou outra, espio no "Banco do rodapé" aquelas que escapam da lembrança.
Sobre a memória - com as inovações da ficção científica tornando-se reais rapidamente - o que veremos em breve?
Teremos um chip poderoso implantado em nosso cérebro?
Conteria uma espécie de "Google da cachola" transformando-nos em enciclopédias ambulantes?
Programinhas sofisticados nos deixarão eruditos; especialistas em todas as áreas?
Nesta hora, como ficará a curiosidade?
Esta questão faz recordar um dos pensamentos do gênio criativo do século XVII, Pascal:
"A curiosidade não é senão a vaidade. O mais das vezes, a gente quer saber para poder falar."
Chipados - todos sabendo tudo - seremos menos vaidosos?
Existirão implantes para as diferentes faixas etárias?
As escolas extremamente conteudistas ficarão obsoletas?
Os concursos e vestibulares mudarão de formato?
Brasileiros, atrevidos, certamente criaremos o chip recondicionado.
Baratinho, funcionará meio período.
Lançaremos, ainda, o chip ideológico.
Estivesse disponível, o Itamaraty instalaria imediatamente em seus diplomatas, já bloqueado para resgate de senador boliviano...
Chips, com o curso completo de medicina, disponibilizados em tendas na saída do Maracanã, em dia de Fla-Flu, cessariam a importação de tão escassos profissionais.
Prezado leitor, querida leitora...
O notável Sócrates dizia:
"A vida sem reflexão não merece ser vivida."
Tendo instantaneamente disponível o conhecimento universal, refletiremos com mais sabedoria?
E a triagem do conteúdo?
O que nos fará discernir sobre o melhor uso para tanta informação?
Existirá no chip boa dose de ética?
De respeito às diferenças?
De religiosidade?
E a inteligência emocional, será influenciada?
O saber monumental poderá interferir em nossos talentos naturais?
Neutralizá-los?
Potencializá-los, para o bem ou para o mal?
Pois é...
Talvez, nosso cérebro não funcione totalmente a plena como tática de preservação da espécie.
É como se a humanidade precisasse evoluir aos poucos, sem saltos, para assimilar melhor e compreender em definitivo a importância do bom uso do conhecimento.
Com o que temos assistido, porém, é bom preparar a mente.
Vem revolução pela frente!
Eu nasci há dez mil anos atrás
Raul Seixas