Coluna do Celsinho
7 de agosto de 2009
O Paulinho da Viola mandou fazer como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.
Aliás, devagar se vai ao longe, quem espera sempre alcança.
Mas...
Meu respeitado leitor, minha querida leitora...
Olho nos olhos da minha filhinha.
É fabuloso o sentimento de perenidade.
Talvez aí esteja uma explicação sobre a continuidade da vida.
Naqueles olhos vejo um pouco dos meus.
Estou ali...continuando...
Um pedacinho de mim, da minha história.
E eis que a consciência me faz olhar para outros olhos.
As outras crianças - as muitas crianças - menos favorecidas, sofridas.
Sem leite, sem pão, sem cultura, sem perspectivas.
Afinal, quem sou eu?
Que aceita a hipocrisia reinante?
Que assiste – atônito - esse toma lá, dá cá, vergonhoso, repugnante?
Que vê - silencioso - as atitudes torpes de canalhas covardes?
Que não cospe na cara de um falso religioso aproveitador da inocência alheia?
É preciso acordar deste sono profundo.
Somos homens e mulheres, prezados leitores.
Temos argumentos de sobra.
Faltam ações cidadãs.
Revelemos a nossa coragem.
Por amor aos nossos filhos.
Por respeito à luta de nossos antepassados.
Por Ubatuba.
Quem pode, pode. Quem não pode...
Samba Enredo
União da Ilha do Governador, 1984