Publicado no blog Ubatuba Víbora
Coluna da Sexta-Feira
31 de Outubro de 2008
Ganhei a mega-sena acumulada.
Contratei dez assistentes sociais. Mandei que cadastrassem 1000 estudantes extremamente carentes, nos níveis infantil, fundamental e médio. Suas famílias foram pesquisadas, identificando-se as profissões de seus integrantes. Formei uma equipe de pedagogos, engenheiros e arquitetos para organizar a construção e o funcionamento de quatro escolas. Para cada uma, quis um diferencial.
Na Anísio Teixeira, prevista para a Casanga, anexamos um núcleo de ensino profissionalizante, gerenciado pelo Douglas Incao.
Na Paulo Freire, na Estufa II, implantamos também uma escola para pais, além de uma biblioteca com 50 mil livros, estas sob a batuta da Fernanda Liberal.
No Ipiranguinha, a Monteiro Lobato contou com um belo teatro para 2000 pessoas, além de galpões para a produção de atividades artísticas de toda ordem, com muita música, claro! Para fomentar esse núcleo cultural, convidei o Julinho Mendes.
Finalmente, na do Corcovado, a José Reis, mandei construir um conjunto de laboratórios de ciências e um avançado núcleo de informática. Para supervisionar esse projeto trouxe o Sidney Borges.
Para construir as escolas, usei a pesquisa das assistentes sociais. Descobrimos que a maioria dos pais e mães dos mil alunos são pedreiros, eletricistas, carpinteiros, encanadores, faxineiros, cozinheiros, camareiros, jardineiros. Pronto! Eis a mão de obra para a construção e a manutenção do projeto. Mandei selecionar os interessados e condicionei a contratação à frequência, destes adultos, na escola de pais e nos cursos profissionalizantes.
Todas as escolas são extremamente limpas, com muitas árvores e flores, atraindo diversos pássaros, para a alegria do Carlos Rizzo. Todas têm refeitórios e alojamentos. A estrutura esportiva é excelente. Os alunos ficam na escola em tempo integral, inclusive dormindo por lá, nas noites de segunda até sexta-feira. São escolas laicas.
Quero que estas instituições de ensino sejam pontos de atração turística. Deixo a cargo da comunidade escolar essa tarefa. Quero, também, que os grandes projetos complementares que são a escola profissionalizante, a escola de pais, a biblioteca, o teatro, os galpões, os laboratórios e o núcleo de informática sejam abertos para toda a rede estudantil de Ubatuba, municipal, estadual e particular, valendo-se de convênios e rígido planejamento para que tudo funcione com qualidade. Bons administradores cuidam com tranquilidade dessa tarefa.
Com tudo pronto, preparei um eficiente material publicitário, mostrando o funcionamento em detalhes, destacando o alcance social da medida.
Nessa hora, comprei um bom carro e saí por aí. Visitei fortes empresas, começando pelo Vale do Paraíba. Mostrei o quanto custava manter cada aluno nesse belo empreendimento. Depois de três anos, já tinha a credibilidade e o apoio suficientes para garantir a autonomia do projeto. Nessa hora, já não precisavam mais de mim.
Incrível! Mesmo com os grandes investimentos que fiz, eu ainda tinha um bom dinheiro no bolso!
Mas, não quis a aposentadoria.
Fiquei esperando outro sonho meu.
Coração de Estudante
Wagner Tiso/Milton Nascimento
Roberto Carlos