Celso de Almeida Jr.
Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 30 de dezembro de 2000
A coleta de lixo em Ubatuba merece uma solução definitiva. Não é segredo que ao final do ano o volume de lixo aumenta. Óbvio! A turistada é como a gente. Produz descarte com tremenda facilidade. Também desperdiça e bagunça, como nós. Vidro, alumínio e plástico compartilham o mesmo latão do lixo orgânico. Se considerássemos que já existem dezenas de famílias ubatubenses que vivem da coleta de recicláveis, poderíamos, com um pouco de boa vontade, instalar uma caixa exclusiva para este tipo de lixo. Aposto que diariamente alguém a esvaziaria para você.
Este lixo dá dinheiro. E muito...
Veja só. Não é difícil ao pensamento imaginar uma campanha publicitária voltada para a conscientização deste assunto. Sob a batuta da prefeitura, milhares de estudantes, das redes pública e particular de ensino, seriam informados sobre a importância da separação do lixo. Com o envolvimento dos professores, após um bom treino, a garotada rapidamente levaria a mensagem até as famílias e, em curto prazo, a cidade estaria envolvida com estes procedimentos.
Toda residência separando o seu lixo! Esta é a tarefa!
Simultaneamente, a Secretária de Assuntos Comunitários poderia estimular a formação de cooperativas de catadores de lixo reciclável. Uniformes, área de atuação, cadastro, negociação com os compradores, tudo mereceria um suporte inicial do poder público que, num segundo momento, transferiria integralmente o comando destas ações para estas cooperativas.
Outra medida interessante seria cadastrar os proprietários de caminhões basculantes dispostos a prestar serviços de coleta de lixo para a prefeitura. Refiro-me ao lixo orgânico. Quem sabe, com o estímulo à união destes profissionais, poderia nascer uma empresa para encarregar-se deste tipo de coleta e, também, para administrar o aterro sanitário?
Um bom gerente, com o sinal verde da Prefeitura e da Câmara, poderia comandar estes trabalhadores, estimulando e orientando quanto ao financiamento de caminhões apropriados, organizando turnos de serviços, mapeando as áreas que necessitem de maior suporte, etc. Na prática, isto seria uma forma mais democrática de transferir para terceiros a coleta de lixo, estimulando os trabalhadores da cidade, permitindo-lhes uma participação nos lucros desta empresa, aumentando o padrão de vida destas pessoas. O negócio do lixo é muito bom. Tão bom que qualquer licitação envolvendo a renovação dos contratos com empresas coletoras deixa Prefeito & Cia com um entusiasmo juvenil. Fosse nossa prefeitura mais séria, nem terceirização seria preciso. Uma empresa pública, quando bem administrada, pode tranquilamente medir forças com qualquer empresa particular. Mas isso é assunto para outro artigo. Temos um ano inteiro pela frente. Não quero parecer contrário à privatização. Só que considero bastante razoável distinguir, por exemplo, os procedimentos adotados com as telecomunicações do país da "privatização" de uma dúzia de caminhões coletores de lixo da Prefeitura de Ubatuba. É vergonhoso para a cidade, com a receita que tem e com o número de funcionários públicos que dispõe, não conseguir gerenciar, por si só, a coleta de lixo. Mas se terceirizar e privatizar simbolizam a ordem do dia, que tudo seja feito de tal forma que beneficie e estimule a geração de bons empregos. Já passou da hora do lucro ser compartilhado por quem realmente trabalha e não por meia dúzia de espertalhões que exploram a pobreza e o despreparo alheio, transformando pais de famílias em escravos do século 21.
Nem luxo Nem lixo
Rita Lee