Celso de Almeida Jr.
Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 06 de maio de 2000
Sinceramente, não estou entendendo Paulo Ramos.
Insiste em abraçar o mundo.
Quer, a golpe de picareta, aglutinar pessoas e partidos. Já lhe avisei, nesta coluna e na rádio, para abaixar a bola. Adverti para os estragos que esta sede desesperada irá causar em sua campanha. Explico explicadinho. Paulo é PFL. Mas, aflito, quer muitos partidos para lhe dizer amém. Preferencialmente, legendas montadinhas, com candidatos a vereador transformados em valentes cabos eleitorais. Brigarão por Paulo Ramos até debaixo d'água. Serão os soldados de um exército cujo general, intimamente, rirá dessa paixão inocente. Adoçará seus meninos com palavrinhas bonitas, não esclarecendo que, a eles, caberá subir a torre por infinitos degraus, íngremes e tortuosos, enquanto ele embarca num confortável elevador.
Até carregarem o Paulinho no colo, tudo bem. Cada um tem o líder que merece, tratando-o como quiser. Mas não sou obrigado a engolir rasteira, calado.
A vergonhosa manobra, tentando implodir o PTB, partido que ajudei a organizar, demonstra com quem estamos lidando. Cito que o PTB de Ubatuba já teve na presidência homens como Nadim Kayat e, num passado mais distante, Washington de Oliveira, o seu Filhinho. Temos, portanto, uma história honrosa.
Hoje, o presidente petebista, Marco Antônio Guimarães Leite, aceitou ser instrumentalizado por Paulo Ramos para, literalmente, não deixar Vera Coutinho disputar a convenção de junho. Absurdo dos absurdos. Ela tem esse direito garantido por lei. Mas, para levar essa ideia maluca adiante, Paulo despachou Marcão para São Paulo, teleguiado ao diretório regional petebista, buscando detonar o projeto de Vera Coutinho.
Ah, Marcão! Quando eu lhe ajudei a estruturar o PTB, não foi para transformá-lo em legenda de aluguel. Não foi para buscar uma "boquinha" na prefeitura. Não foi imaginando que assistiria uma amizade de 22 anos levar uma etiqueta de supermercado.
Mas a grande bronca dedico a Paulo Ramos. Aliás, quem são seus conselheiros políticos? Procure ouvi-los. Se não tiver, recomendo que troque com urgência o seu travesseiro.
Ao leitor desavisado ou iniciante na política, explico: os políticos tradicionais abominam lideranças novas. Pior que isso. Lançam mão dos mais espúrios métodos para afogar quem decide enfrentá-los. Vomitam maldade. Liquidam amizades. Apostam na vaidade alheia. Frios, manipulam o desespero da turminha que, para garantir o salário, faz loucuras pelo chefe.
Onde está a coragem de Paulo Ramos? Ou melhor, onde está a inteligência de Paulo Ramos? Que capricho é este de querer derrubar Vera Coutinho no partido que ela defende nos quatro cantos da cidade? Vera fez pelo PTB, em alguns meses, o que o nosso presidente não fez em muitos anos. Será, então, ciúmes o tempero que Paulo Ramos viu despontar no Marcão? Pode ser. Paulinho é maroto. Aprendeu, na política, a tirar proveito das falhas humanas. Mas falta-lhe habilidade. Não tem enxergado muito longe. Se estivesse ficado na sua, atento ao PFL, eu não estaria no seu pé. Será que esqueceu da eleição de 1996? Quer mais? Pela terceira vez, lhe aviso: não mexa no vespeiro. Cuide da sua carreira política. Lembre Gilberto Gil: "Cada macaco no seu galho!" Recue. Acalme o Marcão.
Use seu talento em lidar com as pessoas e explique, ao menino, que mais importante do que o status de coordenador do Procon, o ciúme, a vaidade e a sede pelo poder está o respeito a democracia, a cidadania e ao futuro de Ubatuba.
Agindo assim, estará provando que tem preparo para disputar o honroso cargo de prefeito. Estará mostrando que amadureceu, que não é moleque. Confirmará ter consciência de que está pleiteando o cargo de prefeito, não de poderoso chefão.
E, melhor para ele, me verá calminho, calminho.
Mas, se concretizar a rasteira, ganhou um adversário peso pesado, apesar dos meus 57 quilos.
Meu capacete, mesmo enferrujado e jogado num cantinho do armário, ainda aguenta muita paulada. Não queira conferir.
Em tempo: Ele voltou; sai debaixo.
Você Abusou
Antonio Carlos & Jocafi