9.4.11

Gerando negócios

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 15 de abril de 2000


Procurar boas ideias para contribuir com o desenvolvimento de Ubatuba é missão de todos. Quantas propostas interessantes ouvimos nas conversas diárias com amigos, clientes e funcionários? Pegue um caderninho e procure anotá-las. Você rapidamente preencherá muitas páginas. Selecione as melhores, passe a limpo e mande uma cópia à Câmara e outra ao prefeito. Não é possível que eles não aproveitem alguma coisa.
Há uns quinze dias, conversava com o advogado Dalmo do Nascimento sobre esses assuntos. Dalmo e sua esposa, Léa Maria Morais do Nascimento, são apaixonados por Ubatuba. Vindos de Taubaté, rapidamente consolidaram seus nomes como profissionais competentes graças ao trabalho responsável e aos estudos contínuos. Construíram um belo escritório na entrada de Ubatuba, contribuindo para o progresso da cidade. Mas, como ubatubenses de coração, não se contentam com o sucesso profissional. Sonham com uma cidade mais organizada, mais limpa e que ofereça mais oportunidades para os nossos jovens. Dalmo pontuou algumas ideias simples: florir os trevos e criar novos pontos turísticos. Sugeriu transformar a Cadeia Velha, que hoje abriga a CETESB, num mini museu. Aliás, num passado não muito distante, nesse prédio da Praça Nóbrega já funcionou o Centro de Cultura Municipal. Se voltasse à cultura, lá poderíamos promover exposições diversas, alternadas, dentro de um calendário anual de eventos. Também lembrou a curiosa história daquilo que parece ser a entrada de um túnel, naquele morro da Av. Félix Guisard, no Perequê-Açu. Teria sido um caminho para contrabando de ouro e fuga de escravos. Provavelmente, pura lenda, mas que desperta interesse. Ali poderia haver um painel contando essa história ou até uma escultura. Ou as duas coisas. O turista procura isso.
Outra sugestão foi construir um mirante próximo à estátua de São Pedro Pescador, no final da Av. Iperoig. Bem naquele local onde - quando na Páscoa contávamos com o belo espetáculo da Paixão de Cristo - era realizada a passagem mais emocionante: a ressurreição de Jesus.
Teríamos uma vista espetacular.
Uma semana após conversar com Dalmo, assisti uma palestra de Luís Bersou, consultor de empresas conceituado, com atuação também na área de gerenciamento de planos estratégicos para o desenvolvimento de cidades.
Atua no Brasil e no exterior. Sua competência é inquestionável.
Pois bem, qual o enfoque principal da mensagem de Bersou?
Cidades turísticas precisam concentrar seus esforços inicialmente no cadastramento do território. Ou seja, levantar o maior número possível de informações de interesse histórico e geográfico e transformar tudo isso em pontos de visitação. Para Luís Bersou essa tarefa tem um custo mínimo pois, quando estimulado, o morador participa do processo, apresentando documentos e relatando fatos. As escolas poderiam participar dessa empreitada, estimulando os alunos. Nossa respeitada UNITAU poderia coordenar a coleta de dados e mapear os principais pontos de atração turística.
Em seguida, uma boa divulgação junto aos hotéis e as agências de turismo permitiria criar novos roteiros de visitação. À prefeitura caberia financiar ou buscar parceiros junto a iniciativa privada para preparar estes novos espaços.
Painéis, fotografias, exposições, palestras, tudo gerando interesse e também negócios. Próximo aos locais de interesse histórico e geográfico venderíamos artesanato, comidas variadas, lembranças da cidade, alugaríamos bicicletas, barcos e seja lá o que for possível comercializar.
Tudo com disciplina. Tudo com limpeza.
Luís Bersou insistiu também no conceito de turismo ativo. Aquele em que o visitante não vem apenas contemplar as belas praias e ir embora. No turismo ativo a cidade oferece a possibilidade do percurso de trilhas, atividades esportivas, com total aproveitamento dos recurso do mar e da montanha.
É difícil? Certamente que não. Está mais fácil do que se imagina.
O segredo é pressionar a turminha que comanda a cidade para despertar do sono eterno, recheado de sonhos que evidenciam só vaidade e interesses pessoais. E quanto a nós, não abaixar a cabeça e não ter medo de lembrar a essa gente - que manda hoje ou que quer mandar amanhã - que são ou serão funcionários nossos e, portanto, devem prestar serviços com qualidade.

Amigo é pra essas coisas
Aldir Blanc e Silvio Silva Jr
João Nogueira/Emílio Santiago