Celso de Almeida Jr.
Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 18 de dezembro de 1999
Quis variar na forma
O tempo voa ligeiro
Terrível é o sentimento
Imperando o ano inteiro
Palavras não valem nada
Soltas boca afora
Discursos sofisticados
Podridão à toda hora
Parece fundo de poço
Lama e restos de tudo
Ninguém acha a saída
Quem deve agir fica mudo
Sorriso amarelado
Na cara de quem representa
Poder falsificado
Argolado em quem sustenta
Blefe por toda parte
Hipocrisia bem estampada
Tristeza matando quem pensa
O povo em churrascada
As poucas vozes que berram
Sabem sempre quem sufoca
O peso da porcaria
Maceta quando não soca
O limite é a escrivaninha
O mundo fica pequeno
Sonho que fica no sonho
Medo de novo terreno
Divide, picota e governa
Não lê e quer fazer regras
Vacila e não vê, quer ser justo
Espalha mentiras às cegas
Por trás da cortina, o sarro
Risos de hora em hora
Certeza de que a confusão
Alegra a turma que implora
E na solidão que atormenta
Esperança ainda habita
Coração alucinado
Por sorte ou azar acredita.
Porto Solidão
Jessé