6.3.11

Poderes sinistros

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 18 de dezembro de 1999


Quis variar na forma
O tempo voa ligeiro
Terrível é o sentimento
Imperando o ano inteiro

Palavras não valem nada
Soltas boca afora
Discursos sofisticados
Podridão à toda hora

Parece fundo de poço
Lama e restos de tudo
Ninguém acha a saída
Quem deve agir fica mudo

Sorriso amarelado
Na cara de quem representa
Poder falsificado
Argolado em quem sustenta

Blefe por toda parte
Hipocrisia bem estampada
Tristeza matando quem pensa
O povo em churrascada

As poucas vozes que berram
Sabem sempre quem sufoca
O peso da porcaria
Maceta quando não soca

O limite é a escrivaninha
O mundo fica pequeno
Sonho que fica no sonho
Medo de novo terreno

Divide, picota e governa
Não lê e quer fazer regras
Vacila e não vê, quer ser justo
Espalha mentiras às cegas

Por trás da cortina, o sarro
Risos de hora em hora
Certeza de que a confusão
Alegra a turma que implora

E na solidão que atormenta
Esperança ainda habita
Coração alucinado
Por sorte ou azar acredita.

Porto Solidão
Jessé