16.1.11

União de forças

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 21 de agosto de 1999

Por dez anos, o saudoso amigo Nadim Kayat escreveu diversas vezes nesta coluna que a união de forças políticas seria um passo importante para o necessário desenvolvimento do município.
Alguns amigos questionam se, ao continuar defendendo este ponto de vista, eu não estaria insistindo no impossível.
Desenvolvo minha explicação com o seguinte raciocínio:
Em 1976 Nélio foi eleito prefeito e Rodrigues seu vice.
Rodrigues, hoje, é assessor de Zizinho, que já foi secretário de Nélio.
Este, já teve Paulo Ramos como vice que, por sua vez, já teve Dilei como vice.
Esta, talvez, seja vice de Nélio, que já teve Pedro Paulo como secretário.
Este, por sua vez, teve Rivaldo como vice que hoje é secretário de Zizinho.
Será que a união de forças é tão improvável como dizem?
Na prática, há quase 1/4 de século estes políticos representam a maioria do eleitorado ubatubense e, para onde penderem, penderá a eleição.
Entretanto, somente um eleitor inocente é capaz de discutir fervorosamente justificando que esses nomes representam forças muito diferentes.
São, em verdade, forças semelhantes e, quando compostas, não são facilmente vencidas.
Além disso, são políticos ligados por uma linha imperceptível à grande massa do eleitorado, que é a linha da negociação política:
"Este é vice daquele que foi secretário do outro..."
É assim em Ubatuba e na maior parte do mundo.
Dessa forma, lutar pela união da maioria das forças é lutar para que o político vencedor torne visível ao eleitorado o que apenas os bastidores da política revelam: existe a possibilidade de um único governo composto por estes nomes.
Esta sinceridade de postura, esta franqueza de ação, traria, no curto prazo, a tranquilidade política necessária para governar.
A combinação de talentos mostraria definitivamente ao povo a real capacidade destas pessoas para impulsionar o desenvolvimento do município.
Acontece que um eventual fracasso de um governo assim constituído abriria, de imediato, espaço para novos nomes.
E este risco os políticos preferem não correr.
Daí a provável explicação de, nestes últimos 20 anos, não ter ocorrido publicamente esta união.
Mas, até quando o eleitor aceitará a forma que vem sendo conduzida a política ubatubense?
Se a paciência estiver esgotada, espaço para um novo nome já existe.
E, nestas horas, tudo pode ocorrer.
A história já mostrou que em momentos assim podem surgir tiranos, salvadores da pátria ou até uma pessoa séria.
É, porém, uma loteria.
Mas, se o eleitor ainda aceitar o jogo vigente, possivelmente o próximo prefeito será um dos nomes já citados.
Ou ainda:
Poderá ocorrer a união de parte das forças políticas em torno de um novo nome?
O inegável é que muitas alternativas existem e os próximos meses serão interessantes para quem observa política e políticos.

PS: Procurando ser fiel ao estilo Nadim Kayat, não poderia deixar de citar a famosa frase, sempre lembrada por Nelson Rodrigues: toda unanimidade é burra. Portanto, a união de forças políticas, para não dar em burrice, deverá excluir pelo menos um nome. O leitor consegue adivinhar a minha sugestão?

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